O Nāṭyaśāstra
O Nāṭyaśāstra é um dos mais antigos e importantes tratados das artes não ocidentais. Nele, aprendemos não apenas sobre arte indiana, mas sobre uma perspectiva filosófica, altamente estilizada, da produção da arte, onde matéria e espírito são indissociáveis na experiência estética. Leitura imprescindível para estudiosos das artes cênicas em tempos de decolonização dos saberes e práticas.
(Irani Cippiani, Prefaciadora)
A obra
Considerado como o tratado que inaugura uma teoria estética (Bhāva e Rasa) para as artes indianas, O Nāṭyaśāstra aborda de forma minuciosa assuntos a respeito das Dança, Teatro, Música, Poesia e Produção Teatral. Cada capítulo nos abre uma janela para um diferente aspecto do pensamento artístico indiano. Através de evidências arqueológicas em templos e artefatos como esculturas e pinturas por toda a Índia, podemos identificar sua influência nos campos da arquitetura e das artes plásticas. Embora seja amplamente difundida nos campos das Artes e Linguística, outras perspectivas históricas, sociológicas, antropológicas e arqueológicas sobre a obra podem agregar imensamente ao direcionar para diferentes olhares sobre a sociedade indiana. Em diversos capítulos, são discutidas questões como perfis de homens e mulheres, perfis regionais de consumo de arte, comportamentos ideais etc. Assim, reflexões sobre discursos de gênero, classe e casta podem ser exploradas através d’O Nāṭyaśāstra.
O processo de tradução
A tradução para o português tomou como texto de partida a tradução do Sânscrito para o inglês publicada, em 1984, pelo professor de Sânscrito, já falecido, Adya Rangacharya. Nossa tradução é, portanto, tecnicamente uma tradução indireta, ou seja, uma tradução realizada a partir de um texto, que é também ele próprio uma tradução. Como é de praxe nas práticas de tradução indireta, práticas essas, aliás, com uma longa tradição, a principal justificativa de nossa escolha é a falta de conhecimento, por parte da equipe de tradução, da língua de partida do texto, ou seja, do Sânscrito. Uma vez que a língua estrangeira que a equipe domina melhor é a língua inglesa, naturalmente buscamos para nosso texto de partida uma versão d’O Nāṭyaśāstra escrito em inglês.
Este projeto de tradução do Nāṭyaśāstra começou em 2017 através de uma parceria estabelecida entre a Faculdade de Letras e o Departamento de Artes Corporais, ambos da Universidade Federal do Rio Janeiro (UFRJ). Além de ser um projeto de tradução, era também um projeto de didática de tradução e um projeto de pesquisa, pois um grupo de sete alunos do curso de Letras: Português-Inglês da Faculdade de Letras da UFRJ teria aqui a oportunidade de aprender sobre a prática de tradução em um enquadramento extracurricular. Foi também um projeto de pesquisa, pois a atividade de tradução esteve necessariamente atrelada a decisões teóricas e metodológicas sobre os temas da tradução indireta, especificidades da tradução de textos antigos, tradução domesticadora vs tradução estrangeirizadora etc).
Este trabalho não teria sido possível sem múltiplos apoios financeiros e humanos. O primeiro veio da UFRJ, que através de financiamento advindo do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), em forma de bolsas de Iniciação Científica (PIBIC), permitiu que quase todo/as o/as aluno/as envolvidos no projeto recebessem, em algum momento, uma pequena ajuda financeira. O segundo apoio financeiro, sem o qual a publicação da tradução simplesmente não teria acontecido, veio do Programa Interdisciplinar de Pós-Graduação em Linguística Aplicada da mesma universidade, que, a despeito das burocracias kafkianas, não desistiu de nos ajudar com a verba necessária. Nos últimos dois anos do projeto, em um congresso sobre estudos asiáticos, encontramos aquela que viria a ser a editora de nossa publicação, Edylene Severiano, e que nos acompanhou, desde então, no desejo de dar à luz a tradução d’O Nāṭyaśāstra, o que implicava não somente em resolução de questões financeiras, mas também na obtenção da autorização para publicar uma tradução de um texto que ainda não havia caído em domínio público. Foi graças a um verdadeiro trabalho de equipe que conseguimos o contato das filhas do nosso autor-tradutor já falecido, Adya Rangacharya. Extremamente simpáticas, Usha Desai e Shashi Deshpande ficaram emocionadas com o nosso contato e gentilmente nos cederam os direitos de publicação de tradução da obra de seu querido pai. Para o design da capa do livro, contamos com a arte de Mônica Maia e Julia Schettini; nas questões jurídicas sobre a publicação da obra, direitos sobre a tradução e contrato editorial, contamos com o apoio voluntário de Tiago Castro.
(Irani Cippiani, Prefaciadora)
A obra
Considerado como o tratado que inaugura uma teoria estética (Bhāva e Rasa) para as artes indianas, O Nāṭyaśāstra aborda de forma minuciosa assuntos a respeito das Dança, Teatro, Música, Poesia e Produção Teatral. Cada capítulo nos abre uma janela para um diferente aspecto do pensamento artístico indiano. Através de evidências arqueológicas em templos e artefatos como esculturas e pinturas por toda a Índia, podemos identificar sua influência nos campos da arquitetura e das artes plásticas. Embora seja amplamente difundida nos campos das Artes e Linguística, outras perspectivas históricas, sociológicas, antropológicas e arqueológicas sobre a obra podem agregar imensamente ao direcionar para diferentes olhares sobre a sociedade indiana. Em diversos capítulos, são discutidas questões como perfis de homens e mulheres, perfis regionais de consumo de arte, comportamentos ideais etc. Assim, reflexões sobre discursos de gênero, classe e casta podem ser exploradas através d’O Nāṭyaśāstra.
O processo de tradução
A tradução para o português tomou como texto de partida a tradução do Sânscrito para o inglês publicada, em 1984, pelo professor de Sânscrito, já falecido, Adya Rangacharya. Nossa tradução é, portanto, tecnicamente uma tradução indireta, ou seja, uma tradução realizada a partir de um texto, que é também ele próprio uma tradução. Como é de praxe nas práticas de tradução indireta, práticas essas, aliás, com uma longa tradição, a principal justificativa de nossa escolha é a falta de conhecimento, por parte da equipe de tradução, da língua de partida do texto, ou seja, do Sânscrito. Uma vez que a língua estrangeira que a equipe domina melhor é a língua inglesa, naturalmente buscamos para nosso texto de partida uma versão d’O Nāṭyaśāstra escrito em inglês.
Este projeto de tradução do Nāṭyaśāstra começou em 2017 através de uma parceria estabelecida entre a Faculdade de Letras e o Departamento de Artes Corporais, ambos da Universidade Federal do Rio Janeiro (UFRJ). Além de ser um projeto de tradução, era também um projeto de didática de tradução e um projeto de pesquisa, pois um grupo de sete alunos do curso de Letras: Português-Inglês da Faculdade de Letras da UFRJ teria aqui a oportunidade de aprender sobre a prática de tradução em um enquadramento extracurricular. Foi também um projeto de pesquisa, pois a atividade de tradução esteve necessariamente atrelada a decisões teóricas e metodológicas sobre os temas da tradução indireta, especificidades da tradução de textos antigos, tradução domesticadora vs tradução estrangeirizadora etc).
Este trabalho não teria sido possível sem múltiplos apoios financeiros e humanos. O primeiro veio da UFRJ, que através de financiamento advindo do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), em forma de bolsas de Iniciação Científica (PIBIC), permitiu que quase todo/as o/as aluno/as envolvidos no projeto recebessem, em algum momento, uma pequena ajuda financeira. O segundo apoio financeiro, sem o qual a publicação da tradução simplesmente não teria acontecido, veio do Programa Interdisciplinar de Pós-Graduação em Linguística Aplicada da mesma universidade, que, a despeito das burocracias kafkianas, não desistiu de nos ajudar com a verba necessária. Nos últimos dois anos do projeto, em um congresso sobre estudos asiáticos, encontramos aquela que viria a ser a editora de nossa publicação, Edylene Severiano, e que nos acompanhou, desde então, no desejo de dar à luz a tradução d’O Nāṭyaśāstra, o que implicava não somente em resolução de questões financeiras, mas também na obtenção da autorização para publicar uma tradução de um texto que ainda não havia caído em domínio público. Foi graças a um verdadeiro trabalho de equipe que conseguimos o contato das filhas do nosso autor-tradutor já falecido, Adya Rangacharya. Extremamente simpáticas, Usha Desai e Shashi Deshpande ficaram emocionadas com o nosso contato e gentilmente nos cederam os direitos de publicação de tradução da obra de seu querido pai. Para o design da capa do livro, contamos com a arte de Mônica Maia e Julia Schettini; nas questões jurídicas sobre a publicação da obra, direitos sobre a tradução e contrato editorial, contamos com o apoio voluntário de Tiago Castro.
Editora
CaminhoS Selo de Estudos Asiáticos – Desalinho Publicações
ISBN
978-65-88544-17-4
Publicado
1 Jan 2022 – 30 Nov 2022
Especialização
Humanidades
Tema
Literatura
Arte e Cultura
Região
Asia Global (Asia e outras partes do mundo)
Índia