A arte romanesca do ator: Constantin Stanislavski na cultura do romance

Este estudo busca entender de que modo o encenador russo Constantin Stanislavski apropriou-se de algumas práticas que ganharam força com a enorme popularização do gênero romanesco a partir do século XVIII. As formas de leitura consagradas com a ascensão do romance (solitárias, criativas, reveladoras de uma psicologia profunda), os modos de construção do personagem levados adiante por romancistas, assim como os modelos de crítica literária são entendidos, no livro, como condições de possibilidade para as tantas renovações propostas por Stanislavski a seus atores e amplamente difundidas pelo mundo ao longo do século XX. Henrique Gusmão, desta forma, propõe a seus leitores uma análise original de uma obra determinante para o teatro contemporâneo, colocando os textos de Stanislavski em diálogo com os estudos de Vincent Jouve, Dorrith Cohn, Ian Watt, Mikhail Bakhtin, Roger Chartier, Wolfgang Iser, o que torna possível a inserção do encenador num contexto histórico bastante particular e sugestivo: uma “cultura do romance”. Contribui-se, assim, com as reflexões sobre a dinâmica das circulações culturais e dos modelos ficcionais por entre diferentes linguagens, ampliando-se as possibilidades de leitura dos textos stanislavskianos e das práticas de seu Teatro de Arte de Moscou. O livro de Henrique Buarque de Gusmão integra a coleção de estudos teatrais da HUCITEC, formada por mais de 100 livros e reconhecida pelos especialistas em função da excelência das obras que a compõem.