É objetivo central deste livro apresentar, criticamente, uma seleta emblemática de conversações hermenêuticas pioneiras entre Brasil e Índia, com foco na perspectiva dos interlocutores brasileiros e abrangendo as esferas da filosofia, literatura e ciências sociais. Complementarmente, o livro busca esmiuçar, de forma sistemática, alguns dos princípios que propulsionam essa abertura ao diálogo intercultural e, mais especificamente, intercomunitário – ainda que sob a égide formal de uma interlocução internacional –, suas fontes genealógicas e elementos constitutivos. O testemunho dos interlocutores brasileiros aqui reunidos – e.g., Cecília Meireles, Guimarães Rosa, Machado de Assis, Farias Brito, Gilberto Freyre, e outros sujeitos individuais e coletivos – revela um senso agudo da história e do crivo da colonialidade/modernidade, e um fazer intelectivo que descobriu na Índia, em circunstâncias as mais diversas, um interlocutor indispensável no processo de explicitação da condição de pluralidade cultural e existencial do Brasil. As modalidades de interlocução incluem: (i) viagens ao subcontinente indiano; (ii) encontros diretos ou indiretos com personalidades indianas tais como Gandhi, Tagore, Naidu, e Vivekananda; (iii) leitura de textualidades tradicionais como os Vedas, os Upaniṣads, os Sūtras budistas, e os épicos Mahābhārata e Rāmāyaṇa; (iv) e leitura de obras do orientalismo e pós-orientalismo europeu.